Governança corporativa e cibersegurança na gestão de riscos
A cibersegurança corporativa ganhou relevância exponencial nos últimos anos. A pandemia da Covid-19 acelerou a transformação digital, impulsionando o uso de tecnologia em quase todas as operações empresariais o que também favoreceu o aumento do cibercrime.
Hoje, incidentes cibernéticos com vazamento de dados são uma realidade comum no cenário empresarial. Segundo a consultoria Roland Berger, o Brasil foi o 5º país que mais sofreu crimes cibernéticos em 2021 e os números seguem crescendo.
Dessa forma, sofrer um ataque cibernético deixou de ser uma possibilidade remota e se tornou apenas uma questão de tempo.
Por isso, fortalecer a governança de riscos cibernéticos é essencial para proteger dados, reputação e continuidade dos negócios.
Para entender como a governança corporativa pode mitigar riscos digitais, assista ao vídeo abaixo:
Riscos cibernéticos afetam diretamente relações comerciais
Em 2025, o risco cibernético se consolida como o fator de sustentabilidade empresarial mais crítico. Organizações que ainda não implementaram uma governança eficaz em segurança cibernética estão mais vulneráveis a ataques o que impacta diretamente a estabilidade da empresa e seu relacionamento com parceiros, fornecedores e clientes.
Dados recentes do Gartner mostram que 56% dos consumidores B2B e B2C já avaliam a postura de segurança cibernética das empresas com as quais se relacionam. E até 2025, estima-se que 60% das organizações utilizarão o risco cibernético como critério decisivo em transações com terceiros e parcerias comerciais.
Essa mudança de mentalidade também afeta investidores e regulações. O incentivo à integração entre ESG e cibersegurança cresce. Empresas estão sendo pressionadas a relatar publicamente metas e métricas de segurança digital, alinhadas às suas políticas ambientais, sociais e de governança.
Segundo o Gartner, até 2026, 30% das grandes organizações terão divulgado metas ESG voltadas à cibersegurança, número que representava menos de 2% em 2021.
A mensagem é clara: a governança de riscos cibernéticos passou a ser um requisito estratégico e comercial, e não apenas uma iniciativa técnica ou de compliance.
Cibersegurança: uma prioridade de todos
Um ataque cibernético pode gerar prejuízos financeiros, operacionais e danos à reputação da empresa. Por isso, não cabe apenas à área de TI cuidar da segurança digital. A cibersegurança precisa ser tratada como uma prioridade estratégica e compartilhada entre todas as lideranças.
Segundo o Gartner, 88% dos conselhos de administração já consideram a segurança cibernética como um risco de negócio e não apenas um problema técnico da área de Tecnologia da Informação. Nesse cenário, torna-se indispensável que as áreas de negócio e TI atuem de forma integrada na governança de riscos cibernéticos.
Esse alinhamento já começa a refletir em mudanças contratuais: o mesmo estudo aponta que, até 2026, 50% dos executivos C-Level terão metas de desempenho ligadas à gestão de riscos cibernéticos em seus contratos de trabalho.
O impacto financeiro vai além da TI
Como CFO, minha preocupação está diretamente relacionada à prevenção de vazamentos de dados financeiros e fiscais. Isso porque ataques cibernéticos podem causar:
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Exposição de informações confidenciais e estratégias
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Perda de clientes e receita
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Queda no valor da empresa
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Interrupção de operações
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Multas, processos legais e dano reputacional irreparável
De acordo com a pesquisa de 2022 da IBM, conduzida com 550 organizações em 17 países, o custo médio de uma violação de dados no Brasil é de R$ 7,17 milhões, mesmo com o uso de tecnologias de proteção avançadas.
Em 2025, a governança de riscos cibernéticos precisa ser parte do planejamento estratégico das organizações com comprometimento de todas as áreas, lideranças e conselhos.
Quais estratégias adotar para fortalecer a governança de riscos cibernéticos?
Em um cenário cada vez mais exposto a ameaças digitais, é fundamental adotar uma abordagem holística de cibersegurança, que envolva diferentes áreas da empresa na construção de processos preventivos e sustentáveis.
Incorporar a governança de riscos cibernéticos vai muito além de investir em ferramentas e tecnologias. É necessário promover a cultura de cibersegurança internamente, tornando-a parte do dia a dia da organização.
Entre as boas práticas alinhadas à gestão de riscos, destacam-se:
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Criação ou fortalecimento da divisão de GRC (Governança, Riscos e Compliance)
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Estabelecimento de políticas claras de segurança da informação
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Engajamento das lideranças e áreas de negócio na gestão dos riscos digitais
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Definição de processos de controle, resposta a incidentes e compliance regulatório
Uma gestão de riscos cibernéticos eficaz contribui diretamente para a sustentabilidade da empresa, aumentando sua resiliência diante de ameaças digitais e permitindo uma evolução constante das estratégias de proteção.
E você? Sua organização está preparada para responder de forma defensiva e efetiva a ataques e violações de cibersegurança?
Escrito por Gláucio Barros, CFO da AMcom
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