Nos últimos anos, o Brasil viu um dos setores mais tradicionais da sua economia passar por uma grande transformação. O mercado de energia, até então controlado por grandes empresas e iniciativas público-privadas, agora é aberto e muito mais dinâmico.
Atualmente, o mercado livre de energia (MLE) já abastece mais de 50 mil unidades consumidoras no país e cresce a um ritmo de 25% ao ano. Isso se dá ao fato de que o consumidor, cada vez mais atento aos seus custos e a oportunidades de melhorias no serviço que contrata, está aberto a novos formatos de consumo até mesmo em serviços básicos, como a eletricidade.
A expansão do MLE traz consigo desafios regulatórios significativos. A necessidade de adaptar as normas para acomodar a crescente demanda e garantir a proteção dos consumidores é evidente. Pequenos e médios consumidores, que antes estavam sob tutela estatal, agora enfrentam um mercado mais complexo e competitivo. Além disso, a crescente competitividade exige que as comercializadoras aprimorem suas operações e garantam conformidade regulatória, evitando riscos associados à falta de padronização e integração de sistemas.
E é sob este viés que compartilho alguns pontos aqui. Para além das questões regulatórias, o setor agora se vê em uma briga por competitividade e precisa conquistar e manter seu cliente se deseja manter a sua lucratividade. Dentro destes aspectos, destaco situações que agora se tornaram cruciais para as fornecedoras de energia:
Experiência do cliente
Com a diversificação do perfil dos consumidores e a facilidade de contratação do serviço em novos formatos, a experiência do cliente vira uma grande arma. É essencial educar e apoiar esses novos participantes, garantindo que compreendam as nuances do mercado livre e possam tomar decisões informadas, mas também é primordial proporcionar experiências positivas. A adoção de tecnologias que facilitem a gestão de contratos, consumo e riscos é fundamental para melhorar a percepção do consumidor em relação ao prestador do serviço e assegurar a eficiência operacional das empresas.
Oportunidades tecnológicas
A integração de soluções tecnológicas desempenha um papel vital na superação dos desafios do setor energético. A modernização de aplicações já implementadas na gestão garante escalabilidade e eficiência, enquanto estratégias centradas no usuário aprimoram a jornada do consumidor.
Dados são o novo petróleo
Uma estrutura robusta de análise de dados assegura a confiabilidade das informações, facilitando a tomada de decisões e o cumprimento das regulamentações. Não basta ter a informação, é preciso contar com ferramentas que apoiem a gestão destes dados, a interpretação e a organização de insights para a tomada de decisão. Quais serviços o consumidor mais busca, quais as tarefas que mais demandam tempo de equipe e quais iniciativas trazem mais lucro? Tudo isso impacta na tomada de decisão – para isso, analisar os dados de forma eficiente é fundamental.
IA além do básico
Um assistente virtual facilita o atendimento ao cliente, mas este é só o início da aplicação de IA no setor. Automações que reduzem tarefas operacionais, IA que detecta perda técnica e possíveis fraudes na rede vão muito mais além na entrega de resultados e mais competitividade.
A interseção entre negócios e tecnologia no setor de energia deve crescer consideravelmente nos próximos anos. Sem foco em otimização de processos, as empresas perdem espaço e podem comprometer seus resultados. Acredito que, acima de tudo, o segmento passa por uma transformação de posicionamento, em que empresas conectadas com a inovação vão ditar as regras e conduzir o crescimento dos negócios.